quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ambiente à direita

Por Werter de Macêdo

A identificação da esquerda com a questão da preservação ambiental sempre foi ambígua.
Quem já leu Marx sabe que ele compartilhava com os iluministas e os positivistas do século XIX a crença, para muitos ingênua, de que o progresso tecnológico resolveria a questão ambiental. Todavia, não lhe passava despercebido a pressão que o modo de produção capitalista exercia sobre os recursos naturais.

No livro de Engels “a situação da classe trabalhadora em Londres”, a descrição da poluição do ar na 1º fase da revolução industrial, ainda à base do carvão mineral, encontram-se passagens dignas de compor a ontologia de qualquer militante da chamada onda verde. A crítica de Marx e de Engels é de que o modo de produção capitalista é anárquico e isso leva ao extremo a contradição homem-natureza.

Mas nem Marx, nem Engels, Lênin, Stálin, Trotsky podem ser identificados com ideias de paralisar o progresso técnico em nome da preservação ambiental.

Portanto, o fato em si de aprovar o código florestal entrando aqui e ali em desacordo com as teses do partido verde, na minha opinião, não descaracteriza o PC do B como partido de esquerda.

Nas próprias eleições presidenciais aqui no Brasil, o partido verde rachou. Uma parte votou com Dilma (esquerda), a outra com Serra que representou a direita, embora ele não seja um homem de direita. E a sua líder suprema, uma espécie de santa da nova religião, ficou em cima do muro.

Na Europa, não tem sido incomum a aliança de partidos verdes com coalizões de centro-direita. Existe inclusive uma apropriação dessas bandeiras por parte do capital financeiro. Sim há banqueiros em Wall Street que apostam na via verde, na renovação da base tecnológica tendo como pano de fundo a questão ambiental. Aqueles setores para quem a taxa de desemprego não é problema. Ou melhor, é problema apenas para os pobres. Eles que esperem até que se produza a nova tecnologia auto-sustentável.

E se isso cria problemas urbanos, favelização, invasões, é muito simples de resolver. Chama a PM e desce o pau na negada, na escória, escumalha, naquele antro de ladrões e vagabundos como foi feito em Pinheirinho – São Paulo.
Essa é a solução da direita ecológica para a questão ambiental.


Werter de Macêdo é analista do BC



Um comentário:

  1. Reintegração não foi decisão da Justiça ?
    PM não é tucana, PM é do Estado que segue as Leis..

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