quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sobre o Ato de Comer Carne


Coletânea das opiniões sobre o assunto...


A defesa, ( que aprovo e assino embaixo também ), do banimento da crueldade seria por questões sentimentais, morais e de coerência.. Morais porque o ser humano definiu a vida como bem máximo e coerência porque seria hipocrisia defender a integridade da vida somente se a sua própria estiver em ameaça perante ladrões ou ditadores, omitindo-se quando não é o caso. Além disto não há motivos para isentar formas não humanas de vida desta equação moral.. Agora, parece que os motivos acima não bastam, criando-se a falsa necessidade de justificá-los com argumentos racionais..

Tal empreitada no entanto esbarra em aspectos biológicos e no fim das contas são desnecessários pondo a causa numa situação frágil: há pessoas que acham que ao refutar algum argumento racional “pró-qualquer-causa” estariam provando que a causa é injusta.. O que não é o caso: ao refutar algum argumento vc refuta somente AQUELE argumento, não a causa em si.. É desnecessário racionalizar os motivos acima pois “civilizar” é "moralizar": é estabelecer fronteiras morais.. Logo, a causa moral é sim suficiente para justificá-la pelo homem ser um ente com compromisso social: se somente as regras naturais valessem não teríamos antibióticos, controle da natalidade ou hospitais..
Argumentos racionais para a dieta vegetariana esbarram em um fato biológico: ser humano é onívoro como seus primos chimpanzés.. Se partirmos da "teleologia" alimentar: substâncias biológicas "planejadas" pela seleção natural para serem comidas seriam os únicos alimentos legítimos.. A dieta seria muito restrita para um ser humano, limitando-se em trufas (fungo), frutas, mel e leite; Trufas por serem cogumelos subterrâneos que ocorrem em climas temperados que devido as dificuldades do clima em propagar os esporos através do "chapéu" externo teriam desenvolvido a estratégia de crescerem em nódulos subterrâneos nutritivos e com aroma para atrair animais escavadores que espalhariam os esporos.. Fruta pela mesma estratégia para espalhar sementes.. Mel por ser derivado do néctar, usado para atrair polinizadores e leite é uma substancia secretada pelos mamíferos para nutrir proles.. Somente estas substancias seriam “feitas para algo ou alguém” comer.. A ingestão das demais substancias seria basicamente comer parte ou todo o outro ser: vegetal ou animal.. Quanto ao cozimento citado como estratégia para viabilizar o consumo de carne.. o uso do fogo para preparar alimentos provocou sim uma adaptação da dieta humana tanto para consumo de carnes que ele não consumiria como para diversas partes de vegetais.. Os vegetais para “não serem comidos” enriquecem as suas partes ou com toxinas ou substancias difíceis de digerir.. O ser humano na cocção supera esta barreira, os grãos, por exemplo, têm cascas e fibras.. O ser humano cozinha, pré digerindo o alimento difícil: O arroz consumido cru, provavelmente seria indigesto.. A rigor não serviria para consumo humano.. Sob o aspecto anatômico, o aparelho digestivo de herbívoros são melhores adaptados para digerir fibras e celulose do que o humano, eis que muitos deles são ruminantes e tem ceco (porção do intestino) bem maior para a digestão bacteriana.. Dentro dos grandes primatas, o vegetariano restrito seria o gorila,se compararmos o homem com o gorila, ele tem mandíbulas fortes, e um grande abdome para digerir as fibras.. No homem o ceco é maior do que os carnívoros e bem menor do que os herbívoros indicando que seus ancestrais alimentavam-se de ambas as fontes, provavelmente frutas e tubérculos com algumas caças pequenas eventuais..
Há também enzimas no intestino humano adaptadas para romper o açúcar contido na camada externas dos insetos e outros artrópodes.. indicando dieta rica em insetos ou crustáceos dos nossos ancestrais e finalmente, há a suspeita de que comiam tutano dos ossos das carniças de animais abatidos, pelo cérebro humano maior exigir boa dose de energia cuja fonte suspeita-se que eram os tutanos dos ossos, que são bem preservados depois que leões e hienas já devoraram as partes moles (os humanos primitivos não eram páreo para competir com todos estes, correndo o risco de virar sobremesa se ousasse a tanto..)..
Quanto a comparar a anatomia humana com carnívoros noturnos e melhor especializados, não procede.. A rotina noturna não é típica: há carnívoro diurnos como a águia.. e leões caçam de dia.. A águia utiliza-se da surpresa e da capacidade obtida pelo vôo enquanto os leões fazem emboscadas pelo ataque em equipe.. Outros caçadores diurnos usam a camuflagem, como o tigre.. A noite é preferida pelos carnívoros menores pela surpresa e de ser o horário do sono para muitas presas, utilizando-se da noite como camuflagem natural.. Quanto a sensibilidade humana com animais ou bebês como prova de docilidade e inadequação para caça, leoas são meigas com filhotes, acho que isto é derivado de nossa característica compartilhada com outros mamíferos.. Mamíferos cuidam de proles e este cuidado é essencial para sua sobrevivência (mamífero: mamas ==> leite)..
Provavelmente os cérebros de mamíferos são derivações disto: um filhote para ser amamentado deve ter cuidados maternais.. A estratégia dos filhotes mamíferos é induzir a mãe mamífero com sentimento de desamparo, enquanto a resposta materna é a adoção dos filhotes.. Quanto aos machos: a tendência é de serem competitivos e de só adotarem os seus filhotes e em algumas espécies.. No entanto, como na espécie humana a infância é longa, o cuidado da prole exige muito da mãe.. Provavelmente a tendência evolutiva no homem foi na direção da colaboração para a manutenção da prole e uma certa escolha das fêmeas em escolher machos que ajudem a cuidar (ou que cuidem de vez da prole), então, a escolha foi sobre machos mais negociáveis sendo um dos fatores de divergência do chimpanzé, que é ultra violento formando verdadeiras gangues, chegando a matar filhotes para alcançar os seus fins reprodutivos..

Unté. Nildson

Ora,

mas esses sentimentos de amizade, confiança, são justamente as características de quase todos os tipos de mamíferos sociais, sobretudo os carnívoros, que precisam de relações de confiança para poderem realizar a
caça em grupos. Aliás, somos o que somos graças aos nossos antepassados caçadores. Não fossem eles, estaríamos até hoje dependurados nas árvores.
Não e´de se espantar que os animais que mais tenham se tornado amigos do homem sejam os lobos, transformados pela seleção
genética nos cachorros de hoje em dia. Um cachorro é justamente um carnívoro que "aprende" que o homem
(e, nas áreas rurais, o próprio rebanho) faz parte de sua matilha. Ele não devorar a ovelha porque a acha "amiga"
(e até arriscar sua vida para defendê-la) não faz dele um herbívoro.

marcelo.nuno



Não sou biólogo, mas se não estou enganado tanto o Homo Sapiens quanto o Canis Lupus Familiaris são classificados pela Biologia como sendo espécies onívoras. Logo, são capazes de consumir tanto produtos vegetais quanto animas. O importante é que a dieta forneça os todos os nutrientes necessários à uma vida saudável.

Quanto à filosofia do Veganismo, notei que o artigo que deu início à discussão é de um pedagogo com graduação em ciências sociais que também faz referência à textos de pessoas de outras áreas de conhecimento como a filosofia. Também seria interessante conhecer a opinião de biólogos, economistas, químicos, nutricionistas, engenheiros e agrônomos sobre se é possível e qual seria o impacto da substituição em grande escala dos insumos animais por insumos vegetais e sintéticos (na maioria das vezes derivados de petróleo) na vida moderna.

Annibal

Caro Annibal,
não é preciso ser biólogo, economista, etc.etc. para ter sensibilidade, inteligência, raciocínio e julgamento críticos.E principalmente, concluir que vc não tem o direito de tirar uma vida, de maneira cruel e covarde, para satisfazer seu prazer. Prazer, sim, pois a carne não é essencial na sua dieta alimentar. Se vc fizer uma pesquisa rápida na internet vai encontrar "n" sites de vegetarianos, vegans, opiniões e artigos prós e contras.... Daí vc raciocina, reflete, e tira suas conclusões, forma opinião sobre o assunto. É a melhor maneira, ler, pesquisar, se informar, meditar e assumir sua posição. Pró ou contra. Sou a favor dos animais. E não desisto dessa bandeira.
Abraço,
Aurora

Cara Aurora,

Discordo. Seria muito interessante conhecer estudos destas áreas de conhecimento humano. Sensibilidade, raciocínio e julgamento crítico de um único indivíduo com conhecimentos limitados em um determinada área não são suficientes para saber qual seria o impacto da substituição completa dos produtos animais na vida moderna. Veja que estou falando de PRODUTOS ANIMAIS e não de CARNE. Por exemplo, qual o produto que pode substituir o
sebo bovino para a fabricação de lápis, explosivos, tintas, sabão, detergentes e velas? E qual pode substituir o couro bovino para a fabricação da gelatina neutra, capsulas de medicamentos, cola, filmes fotográficos, fósforos e cosméticos? E da bílis bovina para a fabricação de remédios digestivos, pomadas e reagentes para pesquisa? E das tripas para a fabricação de fios cirúrgicos? Nunca encontrei nos “n” sites de vegetarianos respostas para estas questões simples (será que falta um químico para esclarecer?). Questões complicadas então, muito menos. Por exemplo, que cultura agrícola seria capaz de fornecer as todas as proteínas necessárias à humanidade e qual o impacto desta mudança no planeta em termos de clima, biodiversidade, economia, relações sociais? Haveria solo fértil suficiente no planeta? Como seria feita a correção do solo? Com mais fertilizantes à base de petróleo? Qual o impacto ecológico do enorme aumento de produção de fertilizantes e agrotóxicos? Seria a engenharia genética a solução? Muito advogam que produtos geneticamente modificados podem ser prejudiciais à humanidade. Será que consigo encontra estas respostas nos “n” sites de vegetarianismo?

Enfim, embora seja radicalmente contra o mau trato de animais, não imagino a vida moderna sem os produtos que eles fornecem. Inclusive, nunca soube de um vegetariano que fosse capaz de evitar todos os produtos que relacionei acima.

Abraço,
Annibal

Annibal, meu caro,

isso é questão de direcionamento, eu acho. Desde sempre nos acostumamos a ver o animal como uma "coisa" a ser usada. Todas as pesquisas levaram em consideração essa idéia, o animal é para ser usado, a vida, o sofrimento dele não importa. Aí, deu no que deu. Essa dependência enorme de insumo animal no nosso dia a dia. A partir de uma conscientização de que a coisa não é bem assim, que devemos respeitá-lo como um irmão não-humano, poderiamos começar uma mudança.
Todos sabem do impacto negativo da pecuária no meio ambiente. E ela continua. Estimulada. Claro, rende dinheiro, muito dinheiro. A vida do animal, ora, não importa.
Os insumos bovinos a que vc se refere são subprodutos da carne, que tiveram a destinação prevista para evitar o desperdício. Certo. Não se muda isso do dia pra noite.
Mas vamos supor que diminuisse o consumo de carne, pela conscientização em massa da população. Ainda assim, por muito tempo, os insumos, subprodutos, continuariam a existir para a indústria. Enquanto isso, pesquisas seriam direcionadas para a substituição paulatina do insumo animal pelo vegetal, por exemplo.
Hoje existe até "couro vegetal", como já coloquei na rede anteriormente. Por que não o resto? Quanto à proteínas, sou vegetariana há vários anos já. Regularmente faço exames (solicitados pelos médicos) para acompanhamento inclusive do nível de proteínas. Não é alto, mas está dentro do que chamam hoje de normalidade.
Annibal, não quero dizer aqui que sou a dona da verdade. Apenas expresso meu ponto de vista. E estou convencida de que não é preciso abater o animal para meu prazer degustativo. Não necessito realmente da carne para viver. Não me omito frente à covardia, crueldade que nós, humanos "racionais" infligimos aos animais.
Quase ia me esquecendo: os produtos denominados "orgânicos", sem agrotóxicos, tem ocupado cada vez mais espaço nas prateleiras dos supermercados. Os fertilizantes usados são naturais, conforme apregoam os produtores. E a correção do solo, não sou agrônoma- vale dizer, é mineral.
Mas acho muito interessante questionamentos como os seus. Mesmo porque ninguém é dono da verdade e somente a partir de questionamentos é que a inteligência e o conhecimento se expandem.
Abraço,
Aurora

Ué! E os vegetais também não têm direito à vida? Segundo os estudiosos eles, também, têm sentimentos só que nós não percebemos. Dizem, inclusive, que um vegetal emite sinais quando estão sendo abatidos que são ‘sentidos’ pelos outros vegetais próximos. E aí, como ficamos? Vamos deixar de nos alimentar? Quanto aos animais eu os respeito e muito mas, não é por isto que vou deixar de abatê-los para me alimentar. Quanto às minhas netas, elas vêem sim. Da mesma forma que as ensino a cultivar um vegetal, também as ensino a criar animais para a nossa alimentação. É como você disse: tudo é uma questão de ponto de vista.


João eustáquio de Lima

Bem que gostaria que vegetais tivessem sentimentos, mas não há provas científicas que tenham algum sistema nervoso para produzir isto que chamamos “sentimentos”..
Experiências que “demonstraram” isto eram tendenciosas..
Mas e a reação das violetas com o bom trato do jardineiro ?? Efeito placebo..
Claro, não vamos discutir o lado moral de ser justificável matar algo por não ter “sentimentos” ou qualquer outra capacidade mental humana, daí esbarramos nos casos de seres humanos com cérebros danificados.. mas deixemos isto para lá..

“Sentimento” é um produto do cérebro, que por sua vez é produto da evolução do sistema nervoso..
Sistema nervoso é uma “invenção” dos animais, pois estes tem que processar informação de uma maneira rápida e decidir eficientemente para sobreviver..
Os animais são predadores: são ladrões que roubam matéria prima de outros seres vivos: animais ou vegetais.. Somos descendentes de Caim..

Para achar matéria prima o animal tem que processar informação: isto é venenoso, isto não é.. se a matéria prima está numa presa que foge, deve surpreende-la: mais informação rápida para processamento mais complexo: como capturar o alimento ?? e além disto, por causa da corrida armamentista do Cambriano, tem que prevenir-se para não virar comida: aquilo é um predador que vai me devorar: fuja ou defenda-se..

Por outro lado vegetais e fungos tem uma estratégia diferente, os primeiros têm sua energia do sol e matéria prima do solo, a reação contra os herbívoros é crescer, se defender com toxinas ou substancias que dificultam a digestão, e se multiplicar além da capacidade dos herbívoros de extingui-los.. Nesta estratégica o fluxo de informações é mais baixo podendo ser sanado com a “reação vegetativa”: cresça para o alto se comem as folhas de baixo ou produza armas químicas... Os fungos conseguem a energia e a matéria prima do substrato onde cresce: idem..

Portanto o animal mais simples em relação ao sistema nervoso processa mais informação que o vegetal mais complexo por simples questão de necessidade..

Então não será surpresa se noutro planeta que porventura tenha vida, se houver mentes que produzem máquinas, elas serão produzidas por predadores no topo da cadeia alimentar naquele planeta.. Difícil que a trajetória evolucionária obrigue a construção de cérebros em vegetais em algum lugar do Universo..

Att
Nildson

Eu já li, há muito tempo, histórias de pessoas que deram uma dieta vegetariana para um leão.
E isso não faz com que eles, ou os cachorros, deixem de ser carnívoros.
Mas eu também sou a favor da vida: sou contrário ao aborto. Muitos vegetarianos (sobretudo nos EUA) se preocupam tanto com o sofrimento de um camarão, mas acham que tirar a vida de um feto é um direito da mulher.
Vá entender.

marcelo.Nuno

Caro Marcelo,

temos 6 cachorros. Que comem ração, legumes, frutas. Não lhes fornecemos carne de nenhum animal. Mas eles continuam caçadores e cuidam do seu território. Só que não comem carne. Existem muitos por aí que não comem carne não pq os donos são vegetarianos, mas por que seus donos não podem comprar carne para eles. Assim, se habituam a não comer carne. E vão muito bem, obrigado. Por isso não os considero carnívoros, pois podemos substituir a carne por outros alimentos e eles vivem muito bem sem ela. Hábitos. Somente o hábito nos faz comer carne. Hábito e "dessenssibilização" quanto ao sofrimento que se infringe ao animal para termos sua carne à mesa. A pecuária é um grande negócio. Uma coisa cultural, geradora de lucro, desumana. E danosa ao meio ambiente. Mas, cada um vê conforme quer.
Eu defendo a minha visão. Pelos animais. Pelo direito à vida.
Aurora

Toda ração premium e superpremium contém vísceras e carne de outros animais, principalmente de frangos e suínos. A recomendação para não oferecê-la a ruminantes, presente em quase todas as embalagens, é para prevenir o mal da vaca louca, cujo príon está presente no encéfalo dos animais contaminados. Sinal de que também podem fazer parte da composição, acidentalmente ou nem tanto assim.

E essa é uma indústria que movimenta bilhões a cada ano, sem nenhuma indicação de que venha a se retrair em breve. A menos que os humanos parem de ter animais de estimação.

É legal que façamos a nossa parte, mas somos mais vítimas do sistema do que queremos acreditar, e acabamos, mesmo indiretamente, mesmo involuntariamente, contribuindo para o mal que combatemos.

Abraços,
Jussara

Repassando:

A frescura dos brasileiros diante da comida

Matéria de Luiza Fecarotta na Folha de hoje -- "Guia dos Curiosos" -- mostra comidas estranhas ou curiosas, de queijo de leite materno a café comido e defecado por um tipo de gambá. Sobre a reação que os brasileiros costumam ter a comidas diferentes, escrevi o seguinte comentário, na matéria:

Mais estranho é o fato de estranhá-los
Mais bizarro do que determinadas comidas bizarras é o hábito brasileiro (não só das classes mais abastadas, do povo também) de rejeitar comidas que saiam de um restrito repertório do trivial cotidiano.
Por que só arroz, feijão, macarrão e bife? Por que não coentro (fora da Bahia), jambu (fora da Amazônia), maxixe (fora do Nordeste), ora-pro-nobis (fora de Minas)? E por que não miúdos e partes de animais que não sejam só o filé mignon (ou algum tipo de bife)? E por que não outros animais além dos poucos de sempre?
Bucho, testículos, miolo; e também escorpiões, cobras e lagartos alimentam povos considerados altamente civilizados e ricos. Os franceses, com seus sapos e lesmas, talvez tenham-se a eles habituado em função das guerras (inclusive internas -durante a Comuna de Paris, não sobrou pata sobre pata no zoológico da cidade).
No caso dos chineses, foi a escassez de recursos e o excesso de população que fizeram nada ser rejeitado, resultando numa culinária variada e sofisticada.
O Brasil não sofreu a pressão das guerras, mas sofre o da escassez, da pobreza. Quando um nordestino come um calango, soa como desespero; mas não deveria ser tão normal quanto um italiano que caça um tordo?
Nunca comi calango, mas isso é um mau sinal. Significa que não estão à venda, que ninguém os prepara como o que são: uma fonte de proteína a mais que a natureza oferece, e que possivelmente é gostosa. Certamente, poderia se tornar uma iguaria nas mãos de cozinheiros aplicados.
Miúdos tendem a ser ultraproteicos e baratos: ideal para um país pobre. Mas parece que nosso complexo de Casa Grande extirpou até o gosto pela aventura do gosto. Uma perda.
(Publicado na Folha Ilustrada, 8/4/2010)

A carne é eliminada da alimentação humana. 1- as pastagens darão lugar à produção de mais cereais para a alimentação humana. 2- bovinos caprinos, suínos etc. não tema mais interesse econômico. 3- no primeiro momento, são tolerados, confinados em reservas. Paulatinamente sua população vai-se reduzindo até desaparecer ( é só ver a relação de animais em extinção: aqueles que não têm valor econômico) ou, vão virar bichinhos de estimação? “doa-se um “boizinho” , pesa só 1200 kg e sobrevive com apenas 40 kg de ração por dia....”


João eustáquio de Lima


... a nossa convivência com os animais deveria ser baseada no pressuposto da liberdade de ir e vir deles ... não temos o direito de coibir, tolher o animal ... (Aurora)

e quanto à liberdade de escolha de o que comer deles ???

Em respeito ao animal, deveria ser oferecido tanto vegetais quanto carne, e ele que escolha!

Miguel (vegetariano
)

Oi, Miguel. Eu disse o que eu penso que deveria ser. Uma vez que estamos com animais sob nossa guarda, devemos dar a eles o que for bom para a saúde deles. Como eu penso que comer carne é puro hábito, posso deixar meus animais sem a carne, é só não criar o hábito. Nâo acho que esteja tolhendo, estou educando.
Ótimo que vc se declare vegetariano. Você deve entender o que eu digo, né?
Aurora

Não só como vegan vive o homem, graças a Deus....Eu já comi jacaré, tatu, mixirra (tamanduá mirim), teu (tiú, teju, conforme a região) que nada mais é do que um calango grande, João de barro, tico-tico etc. Só não comi cobra porque ainda não as encontrei prontas e, garanto, que são todos pratos saborosos . E, num sô índio não, sô minero da gema uai!


João eustáquio de Lima



Podemos construir outros cenários também, por que não ??:

Ocidental come menos carne e diminui a natalidade, ele precisa ir menos para a chata e cara academia perder tempo em diminuir pança que também foi cara obter, pode também morrer menos de infarto, gastar menos com médico e com isto poupar e viver mais e melhor..

Na aposentadoria pode viajar para Europa ou onde quiser.. com natalidade menor e menor demanda por pasto ou emprego (comida é pasto e bebida é água, vc tem fome de que ??): mais florestas para ele conhecer e cidades menos populosas para passear..

Chegando onde quiser: crescimento sustentável.. não precisa esconder dólar em bolso especial para não ser assaltado.. nem se preocupar em deixar filho ir sozinho para a escola.. Podendo o neto ir de bicicleta em ciclovias sem monstros metálicos perigosos e barulhentos conhecidos antes por “carros”..

Pois é....... I have a dream

Hehehe!
Nildson

Um comentário:

  1. Uma evidência inesperada de que a dieta humana atual é inadequada ao "desenho" de seu aparelho digestivo:

    http://www.diabetes.org.br/colunistas-da-sbd/nutricao-e-ciencia/483-diabetes-tipo-2-e-o-tratamento-cirurgico

    A cirugia para encurtar o intestino e retirar o omento, um tecido que cobre as viceras, melhora os casos de diabete tipo 2, e isto BEM ANTES da diminuição do peso (explicação alternativa...)..

    Explicação Darwiniana: o intestino humano é melhor adaptado para absorção lenta, o açucar derivado da digestão "deveria" ser absorvido no final do intestino, onde hormônios seriam produzidos, sinalizando a produção de insulina:

    "Segundo Pareja, após as cirurgias, ocorre um efeito imediato no aumento da produção de insulina pela normalização do eixo êntero-insular e produção acentuada de Glucagon-like peptidie-1 (GLP1), um hormônio produzido mais acentuadamente no íleo terminal e considerado hoje a mais importante incretina (hormônio que melhora a produção de insulina). Um outro hormônio que é produzido normalmente no DM2, o Gastric inhibitory polypeptide (GIP), tem sua ação melhorada pelo desvio dos alimentos da área duodeno-jejunal após estas cirurgias."

    Ou seja, nossa espécie se alimentava de tuberculos e fibras, a absorção não era rápida como ocorre com os alimentos atuais semi-processados e com alto teor de carne.

    A diabete tipo 2, próprio do mundo ocidental, seria causada pela dieta inadequada do homem ocidental.

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